Já falamos em outros momentos aqui no blog sobre a virtualização das memórias. As pessoas não costumam mais revelar fotografias, nem ter vídeos em materiais físicos como as fitas ou até mesmo o DVD. Hoje em dia, tudo é digital.

A propósito, estamos digitalizando os momentos, e a morte é um deles. A possibilidade de o usuário eleger um herdeiro para a sua conta no Facebook é um bom exemplo para isso. O herdeiro da conta do Facebook é alguém que você irá escolher para administrar a rede social na sua ausência.

Essas ações já fazem parte de nossa rotina. Mas você já se perguntou como a História encara essa virtualização, principalmente das memórias? Para este conteúdo, conversamos com a pesquisadora Jenny González Muñoz para entender um pouco mais!

Mundo virtual

Você concorda que a internet e as redes sociais têm facilitado o nosso dia a dia? Não restam dúvidas de que tudo ficou mais prático com a globalização.

Até bem pouco tempo atrás, usávamos o termo “entrar na internet” e éramos considerados “internautas”. Combinávamos com nossos amigos que estaríamos online em determinado horário para que, assim, pudéssemos trocar mensagens.

O mundo, portanto, mudou. E mudou rapidamente. Hoje estamos conectados a todo o momento e acompanhando as atualizações em tempo real. Agora, até o nosso relógio acessa a internet e recebe nossas mensagens.

A internet faz parte de nossas vidas tão intensamente que fica até difícil de lembrar como fazíamos antes de ela existir.

Memórias digitais

No meio disso tudo, claro, a internet também passou a tomar conta das nossas memórias. Mas até que ponto virtualização das memórias é um processo eficiente?

A pesquisadora Jenny González Muñoz, graduada em Artes, mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural, doutora em Cultura e Arte da América Latina e pós-doutoranda em História, traz observações importantes sobre a prática.

Num apanhado histórico, Jenny conta que as memórias eram mantidas em cemitérios e demonstradas por monumentos, obras de arte e pelos mausoléus onde as pessoas eram sepultadas. Os cemitérios mais tradicionais ainda hoje mostram com clareza a questão do cultivo da memória. Especialmente dos ricos, que tinham como investir nessas demonstrações e elaborar, com detalhes, os jazigos e monumentos.

No entanto, segundo a pesquisadora, a digitalização das memórias também abre espaço para que a História se perca. “O Facebook, por exemplo, é um site que possui um dono. Se algum dia esse dono quiser encerrar a rede social, corre o risco de as informações e as memórias das pessoas se perderem”.

Ao mesmo tempo em que a tecnologia facilitou a nossa produção de lembranças, também facilitou a perda delas.

Com a evolução dos métodos de sepultamento, os cemitérios tradicionais foram perdendo a popularidade. “No século passado, o cemitério era um local de passeio. As pessoas se vestiam bem e iam aos domingos passear no cemitério, reunindo a família”, contextualiza Jenny, indicando que, hoje em dia, essa relação da comunidade com os cemitérios se perdeu.

Num contexto histórico onde os cemitérios vão ficando cada vez menores e, inclusive, não sendo mais necessários, já que a escolha pela cremação vem aumentando, Jenny revela que não sabe qual será o futuro da memória.

Tendência ao digital

Esse é, na verdade, um fato indiscutível: tudo está tendendo ao digital. O que nos resta saber é se, no futuro, o digital será o suficiente para retratar histórias que já se passaram.

Enquanto a História não consegue nos dizer qual será o futuro da memória, não podemos deixar de construí-la. Em nosso site, todos os sepultados têm a sua própria página online. Ao fazer a busca pelo nome e/ou sobrenome da pessoa falecida, você tem acesso a essa página, onde pode deixar fotos e mensagens para o seu ente querido.

Essa busca também pode ser feita a partir dos QR Codes instalados em cada lóculo. Com a câmera de seu smartphone, você pode fazer a leitura do código e ser redirecionado à página do sepultado.

Acesse nosso site, faça a sua busca e não deixe de homenagear as pessoas que você ama, e que já não estão mais presentes no meio físico.