Se comunicar um falecimento é uma tarefa delicada mesmo entre adultos, contar para uma criança uma notícia de morte parece ser algo ainda mais difícil. Entretanto, existem maneiras responsáveis de explicar a morte de um ente querido para elas sem precisar omitir o ocorrido ou enganá-las.
Na verdade, é saudável e recomendado que isso seja transmitido com honestidade. Falaremos aqui de alguns cuidados importantes de se ter quando precisamos conversar com uma criança a respeito de um assunto tão sério.
Tenha esses pontos em mente ao comunicar a morte de um ente querido a uma criança:
Conte o que aconteceu
Uma forma comum de lidar com esse tipo de situação é simplesmente escondendo dos pequenos o ocorrido ou então tentar adiar ao máximo essa conversa. Porém, parte do processo de amadurecimento de qualquer pessoa é a experiência do luto.
Como pais e responsáveis, devemos entender que ter a chance de elaborar uma perda faz parte da construção de uma subjetividade saudável. Trata-se de uma situação sobre a qual todo indivíduo se deparará diversas vezes durante a vida — por mais que queiramos protegê-los disso.
Diga a verdade
Esse é o ponto mais importante. Muitas pessoas tentam mascarar a situação da morte e enganar as crianças de alguma forma ao contar uma notícia de morte. É uma tentativa de poupá-las do sofrimento, que muitas vezes nós mesmos não conseguimos suportar.
Criam-se histórias sobre a pessoa ter viajado para um lugar distante ou até mesmo promessas de retorno. Não use, de maneira nenhuma, desses artifícios para comunicar um falecimento a uma criança. Tente explicar o ocorrido de uma maneira honesta e adequada ao universo dela.
Entenda a capacidade de compreensão das crianças
Algumas pessoas evitam comunicar a morte de alguém aos pequenos temendo que eles não consigam absorver ou compreender o ocorrido. Como esperar que uma criança consiga entender algo tão complexo como a finitude da vida?
Esse tipo de pensamento engana-se por acreditar que as crianças têm uma compreensão incompleta do mundo ou que não conseguem entender verdadeiramente o que acontece a sua volta. Obviamente, elas não têm o mesmo repertório simbólico que os adultos para interpretar o seu contexto — entretanto, elas o interpretam à sua própria maneira.
Às vezes, mesmo antes de comunicar o ocorrido ela já pode ter, de alguma forma, entendido o que aconteceu por observar o “clima” na família. É importante dar espaço para que ela possa vivenciar essa experiência e construir ela mesma os recursos necessários para significar e superar a perda.
Pense nas características de cada criança para saber como dar a notícia
Não existe uma idade definida como a correta para se falar sobre isso com uma criança. Sabe-se que por volta dos quatro ou cinco anos é esperado que ela tenha uma compreensão sobre o ciclo da vida, e que por volta dos sete entenda o significado da morte. Entretanto, isso não quer dizer que ela está menos ou mais preparada para lidar com o tema.
É importante estar atento no sentido de procurar quais maneiras seriam mais adequadas para dialogar com a linguagem daquele indivíduo em formação. Crianças nos primeiros anos de vida tendem a significar a perda de uma maneira mais abstrata, por exemplo. Saiba elencar quais palavras e expressões são apropriadas e familiares para dialogar com aquele menino ou menina específico, sem ter de recorrer a mentiras e distorções para anunciar o ocorrido.
Contar para uma criança uma notícia de morte é uma tarefa árdua, especialmente quando se trata de ter de dizer isso para aqueles que amamos, como nossos netos ou filhos. Entretanto, é importante que um indivíduo em formação consiga entender a experiência da morte da maneira mais natural possível. É por nos preocuparmos com o desenvolvimento emocional delas que temos que ser muito responsáveis ao tratar desse assunto.
Já teve que passar por uma situação assim ou tem questões sobre o tema? Junte-se a discussão e use os comentários para falar de suas experiências!